Broadway Brasil: produtora vai faturar R$ 38 milhões fazendo musicais nacionais

Um passeio pelos circuitos de teatros do centro de São Paulo em uma sexta-feira à noite é um convite para ver e ouvir vários ritmos diferentes. O Rei Leão, Uma Linda Mulher, A Bela e a Fera e O Mágico de Oz são só quatro exemplos de musicais que estão em cartaz ao mesmo tempo na capital paulista. O alto número mostra que o setor tem trabalhado para se recuperar dos percalços da pandemia e corrobora um dado de 2014 de que o Brasil é o terceiro maior produtor de musicais do mundo, atrás dos Estados Unidos (gigante pela Broadway) e da Inglaterra.

“Talvez a maior paixão dos brasileiros seja pela dramaturgia, muito por conta das novelas. A segunda maior é a música. Junta essas duas paixões e se tem os musicais”, diz Luiz Calainho, ex vice-presidente da Sony Music e atual sócio da Aventura Produções. “Caiu no gosto porque é um somatório de duas grandes paixões”.

A Aventura é uma das principais produtoras de musicais do país e já conta com 15 anos de mercado. Atualmente, está em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, com uma edição especial de Elis, A Musical, espetáculo que conta a trajetória da cantora Elis Regina por meio de suas principais músicas. A peça, de 2013, voltou agora para comemorar seus 10 anos e tem tido ingressos esgotados em praticamente todas sessões, repetindo o sucesso da estreia.

“Os musicais estavam em uma crescente até 2019, aí veio a pandemia e cortou tudo”, afirma Calainho. “Mas quando as pessoas estavam em casa, a economia criativa ganhou força. Mais pessoas passaram a consumir conteúdos criativos, porque era a única válvula de escape em casa. Isso aumentou o nosso público. Quando voltamos para as casas de teatro com o arrefecimento da pandemia, vimos as sessões lotadas”.

Para 2023, a expectativa da produtora é faturar 38 milhões de reais, retomando um patamar de crescimento de 10% ao ano, como tinha antes da pandemia. Só neste ano, além de Elis, A Musical, também já produziu, com sessões em São Paulo e no Rio de Janeiro, a versão brasileira do musical da Broadway Mamma Mia, com músicas da banda Abba. 

Como é produzir um musical 

No caso da Aventura, cada musical produzido conta com um investimento que varia de 3 milhões a 6 milhões de reais. Para esse montante, as produtoras costumam contar com patrocínios de empresas privadas e públicas. Boa parte desse apoio (60%) vem por meio de leis de incentivo à cultura. Já o restante (40%) surge do próprio interesse de uma companhia em investir em peças teatrais. 

“As empresas notaram o movimento de que mais pessoas estavam querendo consumir cultura com a pandemia, e decidiram patrocinar isso”, diz Calainho. “Hoje, há uma gama bem maior de empresas apoiando, mesmo fora da Lei de Incentivo”.

Para um projeto sair do papel, geralmente ele já precisa ter todo o montante levantado via patrocínio das empresas. O valor arrecadado em bilheteria costuma ser o “lucro” do espetáculo, que é dividido entre a própria casa de espetáculos, a produtora e os artistas e equipes envolvidos. No caso da Elis, A Musical, o patrocinador é a Volkswagen Financial Services, mas a Aventura já trabalhou com empresas como Unilever, Cielo, Shell e Ipiranga.

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